Dei-me conta recentemente que as pessoas são capazes de muitas coisas para manterem determinadas relações. Dei-me conta que preferem ficar com alguém a ficarem sozinhas. Dei-me conta que preferem ser traídas do que a outra pessoa ir embora antes de o fazerem. Dei-me conta que os filhos servem de desculpa para todas as perdas de auto-estima.
Talvez porque sempre defendi que as pessoas devem manter a dignidade nas relações, custa-me entender que relações doentias prevaleçam em vez de se dar oportunidade de encontrar uma relação saudável, onde a auto-estima de um ou do outro estão sempre a ser postas em causa. Com certeza que admito as dificuldades em abandonar estas relações doentes, intermitentes, de poder, em que cada um está a tentar manipular o outro. Admito, por experiência própria, que demora muito tempo a encontrar o norte quando se trata de abandonar uma relação em que a manipulação se confunde com amor, porque parece que é abandonar relações ainda a meio do amor e, que talvez se ficarmos nela apenas mais um mês, vamos remediar todas as nossas diferenças. E os meses acumulam-se em anos e, quanto mais tempo passa, menos energia temos para pensar que o amor é uma coisa boa. O amor é para nos fazer crescer e ultrapassarmo-nos. Não é suposto estarmos em sofrimento intermitente por amor a alguém. Isso é uma manipulação do que é amor.
Como se encaixa uma mulher ligar a outra a dizer para a última deixar de falar com o seu "homem" para proteger a sua relação? Não há aqui uma inversão de valores? O seu "homem" não deveria ser livre de falar com quisesse para poder escolher estar com ela? Como se compreende relações que assentam neste tipo de confiança? Como se encaixam "homens" comprometidos que, provavelmente quando falam com outras mulheres estão há procura de qualquer coisa que não têm dentro deles? E, para terminar, como é que uma mulher escolhe viver com estes fantasmas em vez de viver sozinha?*
* Estas questões adaptam-se para homens e mulheres de ambos os lados da moeda da relação amorosa.
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