segunda-feira, 5 de abril de 2010

Crónica de uma rapariga gira [2ª série] 8ª

Nunca tive tantas conversas intimas, sobre a minha vida amorosa, dentro de táxis, como nesta viagem à América Latina. Diria que mal me viam, preparavam de imediato as perguntas a fazer quando estivesse dentro do carro e não pudesse sair. Se namoro, se não namoro, o que me aconteceu para que não ser casada, o que pensava eu sobre o futuro, como reagiam os homens a mim, o que é que eu pensava ou fazia que podia estar a influenciar negativamente a minha possibilidade de casar, e outras mais que não me recordo. Sempre à volta deste tópico. Não consegui perceber se era uma forma de flirtarem ou se traduz a preocupação generalizada pelas relações, pelo amor, pela companhia ou pelo sexo. Com uns, a conversa acabava com alguma rapidez. No entanto, com um senhor de idade já avançada, acabei a contar a minha história toda e a ouvir sábios conselhos de como era o universo masculino. Outro, acabou ele, de táxi parado, em frente ao hotel, a contar-me o casamento dele e o que pensava sobre as relações amorosas.




Por muito que leia, que converse, que ouça, acho que vou ter sempre dificuldade em entender as relações de intimidade. Há para todos os gostos e cores. Relações de sucesso, daquelas que eu gostava de ter, tal como já disse em tempos, parece-me que são aquelas iniciadas depois dos 35, o que me leva a crer que a experiência de vida, as relações falhadas e, a maturidade, fazem com as relações funcionem melhor. Relações conflituosas, nas quais as pessoas se mantêm, apesar do sofrimento que infligem ao outro e/ ou a si mesmas. Relações que parecem correr bem, mas em que um dos protagonistas procuram relações extra-conjugais. Pessoas que têm relações de intimidade, que não vivem felizes com isso e, querem mudar isso para estarem sós. Pessoas sós, que sentem a falta de contacto humano e físico que, sonham com encontrar a sua parelha ideal. Ouço poucas pessoas dizerem que estão felizes perante o que têm e, também não ouço assim tantas como isso dizerem que vão mudar para se sentirem mais felizes. Ouço queixumes. Ouço desabafos. Vejo poucas soluções e acções.



Concluo que esta preocupação constante que fez erguer palácios de Amor continua a ser preocupação constante na vida de homens e mulheres. Parece-me que sabemos muito pouco sobre isto. Também me parece que não fomos feitos para estar sozinhos e, quando estamos, só nos queremos fundir em uma pessoa para nos sentirmos completos. Temos, contudo, dificuldade em fazer as coisas funcionarem e, em encontrar parceiros ajustados às nossas ambições.



“-Tenho a certeza que tem muitos homens que querem estar consigo. Não vai ter dificuldade nenhuma em ultrapassar isto!” – E daqui concluí que quantidade não significa qualidade e que neste momento prefiro qualidade.

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