sábado, 27 de fevereiro de 2010

Crónicas de uma rapariga gira [2º Série] 7ª

Nunca tivemos acessíveis tantas formas de comunicação e, nunca senti que comunicamos tão ineficazmente. São os emails e os chats, é o messenger, são as redes sociais na internet, são os telemóveis. Tudo ao nosso serviço para falarmos com quem é importante, com quem não é importante, com quem conhecemos e com quem não conhecemos. Podemos estar sempre acessíveis a toda a gente. Podemos mandar mensagens, se não queremos falar directamente. Podemos falar nos chats se não queremos olhar os outros nos olhos. Existem os símbolos para satisfazer as necessidades de expressão emocional. Tudo ao alcance dos nossos dedos. Tudo ao alcance das nossas necessidades.

Podem começar-se relações de amor sem olharmos para a alma. Terminam-se relações sem termos oportunidade de ver para além do que as palavras nos dizem. É como se fosse a fast-comunication. Tudo rápido. Tudo simples.

Pelo caminho ficaram as longas conversas, as lágrimas, um último abraço para reconfortar quem fica a sentir-se abandonado. Pelo caminho ficam os silêncios quando a garganta fica seca e num nó por termos de dizer o que nos custa. Pelo caminho fica uma intimidade em que o toque, o olhar complementa aquilo que se tem urgência em dizer. Desta forma, sinto que fica sempre muita coisa por dizer.

Numa relação que terminei recentemente, além da dor de ter de terminar um relacionamento que me dava coisas boas, e de perder alguém, foi a dor de ter sido por chat. Não conversamos a olhar um para o outro. Não sentimos a intensidade do abraço que encerra. Foram palavras vazias. Nem sempre entendidas. Nem sempre com a fluência certa. Nem sempre no momento adequado. Fiquei com o sabor amargo de que se podem terminar relações de anos, apenas por escrito, sem olharmos no fundo da alma e sentirmos que chegou ao fim.


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