sábado, 15 de maio de 2010

Crónica de uma rapariga gira [2ª Série] 10ª

Num livro que li há alguns meses, falava-se de dependência, de decidir que rumo queremos dar à nossa vida e, por fim, talvez aquilo que todos desejamos, com quem queremos partilhar esse caminho. Ao que parece, enquanto somos dependentes e não sabemos que caminho queremos tomar, torna-se muito complicado escolher os companheiros de viagem. Tudo isto pode parecer óbvio e resultado do acaso, mas na realidade depende apenas de nós mesmos. Não há nenhum destino que nos faz ser mais ou menos independentes. Assim como não existe o destino que nos marca o caminho que vamos fazer ao longo dos nossos dias. Há circunstâncias que nos condicionam e acasos que podem oou não ser oportunidades e, na pior das hipóteses estamos sempre a fazer escolhas. Como nem sempre gostamos das escolhas que nos responsabilizam, deixamos que sejam outros a escolher por nós. Como nem sempre sabemos o que queremos do nosso caminho fazemos de conta que as situações nos vão aparecendo. É confortável assim. Menos responsabilização pelas escolhas.

Quantas vezes não contei eu esta mesma história. Quantas vezes não deixei que me escolhessem, pensando que não tinha alternativa. Quantas não repeti a mim mesma que não queria estar na situação em que estava e que a responsabilidade era do mundo há minha volta. São aqueles discursos da sorte e do azar, como se não fossemos donos do livre arbítrio.

E então, como sabemos quem queremos no nosso caminho? Qual a nossa responsabilidade nesta escolha?

Desde já,fica o aviso que não podemos fazer nada para que alguém nos ame, nem para que alguém deixe de nos amar. E a história do "Para sempre felizes"? Também não é completamente verdade, porque às vezes as coisas acabam. Desengane-se quem pensa que sim. Não há explicação, mas a realidade é que isso nos foge radicalmente ao controlo. É apenas magia. Por outro lado, amarmos alguém no passado, não nos garante nem o presente, nem o futuro. Por vezes temos de deixar o passado, como a aranha renasce e deixa para trás o que não serve. Temos de nos soltar para que entrem as novas pessoas na nossa vida.

Para escolhermos os companheiros de viagem há três aspectos fundamentais: o amor, a atracção e a confiança. Amamos alguém quando essa pessoa é importante para nós e nos preocupamos com o seu bem estar. Além disso, é importante sentirmo-nos atraídos por essa pessoa, gostar de como ela é e fala, de como se mexe e do seu aspecto, de como se comporta e como pensa. E, por fim, temos de confiar nela. Saber que existe confiança na relação com essa pessoa e, que apesar de podermos mentir escolhemos assumir a verdade do que pensamos ou fazemos. Por umas destas, não sentimos atracção física e por isso são os amigos-companheiros, enquanto que, por outra qualquer pessoa sentimos, e essa será o nosso amante-companheiro.

Ainda ando aqui às voltas com todas estas questões. Quando é que estou a ser dependente? Para onde quero ir? Que caminho vou percorrer? E talvez aquela em que estou mais centrada: quem estará a caminhar ao meu lado?

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